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Neste verão, querem lá ver que há fitas! (O Mensageiro)

 

Continuamos hoje a nossa extensa série de textos dedicados a fitas de Verão. 

Vamos agora ao ano de 1900, no qual, como é evidente, ainda não havia e-mail’s, WhatsApp, redes sociais e outras coisas mais. Escrever uma mensagem, era nessa época algo que requeria gentileza, tempo, dedicação e atenção.


Nesses anos nem sequer eram ainda vulgares os agora antiquados telefones fixos, e ninguém imaginava que algum dia viessem a existir telemóveis. Era por conseguinte uma época, em que se tinha obrigatoriamente de escrever à mão e usar papel e caneta, para se comunicar com alguém que não estivesse na nossa presença.


Na verdade, em 1900, a única solução para se dizer algo a alguém não presente, era só mesmo enviar-lhe um bilhete ou uma carta, e é precisamente isso, o que vemos a acontecer na imagem abaixo.


Marian, uma rapariga da alta aristocracia inglesa desse tempo, confia a Leo, um jovem humilde, um bilhete que escreveu, para que este o faça chegar ao seu destinatário, que no caso é Ted Burgess, um lavrador das redondezas.


A cena pertence ao filme “O Mensageiro”, uma película de 1971, realizada por Joseph Losey, cujo título original é “The Go-Between”.


Leo foi convidado pelo seu colega de escola Marcus, para vir passar as férias de Verão à luxuosa casa de campo da sua família, uma mansão em Norfolk. Leo é um rapaz oriundo da classe média britânica e um bom e esforçado estudante. Foi criado pela mãe, uma respeitável e trabalhadora senhora. Acerca do pai nada sabemos, é uma figura ausente da história.


Leo entra assim no seio da aristocracia inglesa, um mundo que desconhece completamente, mas com o qual se sente imediatamente encantado. Mais maravilhado fica, quando subitamente repara na beleza da irmã mais velha do seu colega de escola Marcus. Vê-a pela primeira vez, no momento em que Marian repousa despreocupadamente no jardim.


Leo tem doze anos de idade, Marian é uns bons anos mais velha, mas isso não impede que o imberbe rapaz se perca de amores pela aristocrática moça. Claro que a rapariga gosta do simpático e humilde Leo, torna-se sua amiga, porém, mais do que a amizade, Leo interessa-lhe sobretudo por lhe ser útil.


Como já antes dissemos, Marian corresponde-se com Ted Burgess, um vizinho lavrador, e Leo é o mensageiro ideal para entregar as cartas e os bilhetes escritos que ambos vão trocando entre si.


Leo torna-se então no mensageiro que leva e traz as cartas e bilhetes trocados entre Marian e Ted. Os dois estão envolvidos num amor clandestino, mas isso é coisa que Leo não sabe, pois acredita estar apenas a transportar mensagens secretas entre um duo de inocentes amigos.


Marian não é livre, está prometida a Hugh, o Visconde de Trimingham, herdeiro de uma vasta propriedade. Um dia, Leo lê inadvertidamente uma das cartas que Marian lhe confiou e fica perturbado ao perceber que se trata de uma missiva de cariz romântico. Leo sabe que Marian está noiva de Hugh e fica portanto perplexo e baralhado.


Quando o casamento de Marian com Hugh é oficialmente anunciado, Leo fica aliviado, pois pensa que isso significa o fim das suas funções como mensageiro. Contudo, Marian e Ted continuam o seu caso amoroso e contam com Leo, isto para grande preocupação e confusão do rapaz.


Quando Marian pede a Leo que entregue mais uma carta a Ted, ele recusa-se. O rapaz lembra-lhe que é noiva de Hugh, e que este poderia não apreciar, que Marian se corresponda com Ted.

Marian repreende-o então brutalmente, recordando-lhe cruelmente a sua condição social inferior e que se encontra ali, naquela casa, como um mero convidado. Quem se julga ele para lhe vir dar lições de moral. Perante tal, Leo baixa a cabeça e cede.



Os jovens actuais, os do século XXI, que trocam constantes mensagens por tudo e por nada, talvez tivessem interesse em saber, a importância que as palavras escritas tiveram outrora e o quão fundamentais eram para a vida das gentes, em épocas não muito distantes da nossa.


Hoje escrevem-se milhões de mensagens por segundo no mundo inteiro, sendo que, na quase totalidade delas, não existe a menor atenção à sua forma, nem o mais leve cuidado ou dedicação ao seu conteúdo.

Actualmente escrevem-se coisas sem qualquer gentileza e sem importância alguma. Trocam-se milhares de mensagens apenas com o intuito de se ocupar o tempo e de se preencher um qualquer vazio ou afastar o tédio.

Nada disto era assim, na época em que Leo exercia a função de mensageiro entre Marian e Ted. Aí, as palavras escritas eram importantes e quiçá até decisivas. Não raras vezes, havia palavras escritas que definiam vidas.


O dia em que Leo comemora o seu décimo terceiro aniversário é marcado por uma forte onda de calor. O desentendimento entre ele e Marian desvaneceu-se e ela pede-lhe que entregue uma nova carta a Ted.


Leo recusa-se outra vez e ela mete-lhe a carta nas mãos, os dois correm no jardim atrás um do outro. Madeleine, a mãe de Marian, vê-os e pergunta-lhes o que está a acontecer.

A mãe viu que Marion entregou uma carta a Leo e questiona a filha, mas Marian mente, diz-lhe que a carta se dirige a uma velha senhora amiga.

Desconfiada do caso entre Marian e Ted, Madeleine vai falar a sós com Leo. Ela incita o rapaz a mostrar-lhe a carta, mas ele alega tê-la perdido.


Umas horas mais tarde, veio uma tempestade de chuva e vento. Ninguém sabe por anda Marian. Madeleine, a mãe, perde a paciência e vai procurá-la, levando à força Leo consigo. Ela leva-o até à quinta vizinha debaixo de uma forte carga d’água. É lá onde Marian e Ted são apanhados em flagrante, a fazer amor no celeiro.


Tal incidente teve um impacto duradouro na vida de Leo, mais a mais que, como consequência desse acontecimento, Ted matou-se a tiro. Abaixo na imagem, Ted lê as palavras escritas por Marian, que lhe foram trazidas por Leo, o mensageiro.



Leo era um rapaz imbuído da sua pequena moral puritana, queria fazer o que lhe ensinaram ser o correcto, mas as suas boas intenções acabaram por resultar num fim funesto. Como é uso dizer-se, de boas intenções está o inferno cheio.


Caso Leo, como um fiel e leal mensageiro, se tivesse limitado a levar e a trazer as palavras escritas de Marian para Ted e vice-versa sem se meter no assunto, provavelmente, nada de grave teria sucedido. Porém, Leo quis ser moralista, encheu-se de escrúpulos éticos e fez-se de difícil. Tais atitudes despertaram as suspeitas da mãe de Marian, tendo isso como consequência final, o fatal destino que se seguiu.


Joseph Losey (1909-1984), o realizador do filme, nasceu em Wisconsin, na América. Era um profundo crítico da sociedade norte-americana, da sua incultura, do seu conservadorismo político e do seu puritanismo ético e moral.


No início da década de 50, teve mesmo de deixar a América para se refugiar em Inglaterra, pois era continuamente perseguido pelas autoridades devido às suas posições liberais, razão pela qual dificilmente conseguia encontrar trabalho no seu país natal.


Num outro célebre filme que realizou, “Acidente”, de 1967, um dos personagens diz o seguinte para um outro com quem conversa: “Uma estatística revelou que 70% dos actos sexuais praticados por estudantes na Universidade de Colenso, em Milwaukee, ocorriam à noite, 29.9% entre as duas e as quatro da tarde e 0.1% durante uma aula de Aristóteles”. Depois de uma pausa, o interlocutor responde assim: “Surpreende-me bastante que Aristóteles faça parte do programa curricular do Estado de Wisconsin”.


A irónica resposta poderia muito bem ter sido proferida pelo próprio Joseph Losey, pois o desdém que ele nutria pela incultura e pelo puritanismo era muito. O filme “O Mensageiro” é também fruto desse desprezo que Losey sentia quer pelas moralidades tacanhas, quer pelas convenções sociais retrógradas.


Abaixo uma foto da mãe de Marion, a aristocrata Senhora Madeleine.



Leo, apesar de ser somente uma criança, não é um inocente nesta história, pois a sua pequena moralidade teve feitos catastróficos. É por isso, que na cena final do filme o voltamos a ver, depois de passados já cinquenta anos.


Leo é agora a imagem de uma sombria resignação. Encontra-se com Marian e o que vemos então é um homem traumatizado pelo sucedido cinco décadas antes. Um homem que levou uma existência seca e murcha. Toda a vida foi solteiro e pressentimos nas suas palavras e rosto que nunca teve sequer um caso amoroso. Jamais terá conseguido superar o sentimento de culpa por não ter sabido ser um fiel e leal mensageiro das palavras de amor escritas por Marian e Ted.


Marian conta-lhe que o seu marido, Hugh, e também o seu filho, há muito desapareceram. Vive com o seu jovem neto, que é um retrato vivo do seu antigo amante, Ted Burgess, o lavrador.


Marian diz a Leo que lhe confia uma derradeira mensagem, desta vez para que esta seja entregue ao seu neto. Conta-lhe tudo, diz-lhe ela, diz-lhe quem foi o seu avô e conta-lhe sobretudo esse fugaz amor eterno, alegre e feliz, que outrora vivi com esse homem. E assim termina o filme.


“O Mensageiro” é uma película que realça a importância decisiva que um dia tiveram as palavras e os bilhetes e cartas que com elas eram escritas. É com certa melancolia, que hoje vemos actualmente teclarem-se sucessivas mensagens, num imenso vendaval de balbucios digitais, que com enorme frequência nem palavras sequer chegam a ser. Em síntese, o drama de Leo, Marian e Ted pertence a um tempo longínquo, em que o que se escrevia importava.


A fita de Losey resulta de uma adaptação do romance do escritor inglês LP Hartley, “The Go-Between”. As belas e profundas palavras iniciais desse livro, são estas que se seguem: “The past is a foreign country; they do things differently there. Those were the long innocent of boyhood, but the summer ended with a storm.”


E pronto, assim terminamos mais um texto dedicado a uma fita de Verão. Em breve outro virá, aqui, neste blog.

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