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Que semelhanças existem, a existirem, entre um hospital psiquiátrico e uma escola? (Terceira parte)


Nos dois últimos textos passeámos pelo antigo Hospital Psiquiátrico Miguel Bombarda, e a propósito dele falámos de um poeta, Ângelo de Lima, que durante décadas nele esteve internado.


Falámos igualmente de Jaime, um modesto camponês da Beira Baixa, que em dado momento da sua vida, aos 65 anos de idade, descobriu que tinha alma de artista, e que também esteve longos anos internado nesse hospital.


Para quem quiser ler ou reler, as duas partes anteriores deste texto, aqui ficam os links:


https://ifperfilxxi.blogspot.com/2025/09/que-semelhancas-existem-existirem-entre.html


https://ifperfilxxi.blogspot.com/2025/09/que-semelhancas-existem-existirem-entre_18.html


Nesta terceira parte vamos então tentar responder à questão que dá título a este conjunto de três textos, a saber, “Que semelhanças existem, a existirem, entre um hospital psiquiátrico e uma escola?”.


À partida a questão parece estranha, uma vez que não há semelhanças evidentes entre um hospital psiquiátrico e uma escola, todavia, na sua muito influente obra de 1975 “Vigiar e Punir”, o consagrado filósofo Michel Foucault (1926-1984) falou-nos da escola como sendo uma entidade cujo objectivo implícito é moldar os indivíduos, através de uma vigilância constante, isto para que quem a frequente interiorize na sua alma e mente, um modo de pensar e viver dócil e conformado.


Para Foucault, a escola é uma das "instituições de sequestro", tal e qual como o são também o hospital psiquiátrico, o quartel ou a prisão. Todas essas instituições, são no pensar de Foucault, organizações que retiram compulsivamente os indivíduos da vida mais vasta e ampla, para os “internarem” durante um largo tempo num espaço bastante restrito.


O “internamento” decorre ao longo do período necessário para que as condutas individuais sejam moldadas, os comportamentos disciplinados e a maneira de pensar e agir seja normalizada e formatada.


Esse tempo tanto pode ser o da escolaridade obrigatória, como o do serviço militar obrigatório, como o de cumprimento de uma pena prisional, assim como pode também ser o tempo em que se está encerrado em tratamento numa instituição psiquiátrica.


Abaixo um esquema que exemplifica quais as diversas posturas corporais que os alunos franceses da escola primária (l’école elementaire) deveriam adoptar nas mais diferentes ocasiões. A gravura é de meados do século XIX.



Como se verifica pela gravura acima, tudo estava previsto na organização escolar francesa do século XIX, de modo a que os alunos não efectuassem o mais leve movimento espontâneo ou um qualquer gesto inesperado.


O livro “Vigiar e Punir" diz-nos que a escola não é apenas um espaço de aprendizagem, é igualmente um sítio em que se utiliza a vigilância constante para moldar os indivíduos e garantir que estes adoptam pela vida fora uma atitude disciplinada, dócil e conformada.


A escola é comparada por Foucault à prisão ou ao hospital psiquiátrico, não por estes serem locais onde potencialmente se exerce a violência física como forma de impor a ordem e a disciplina, mas sim pela forma elaborada como se vigiam e controlam os espíritos.


O panóptico, um modelo arquitectónico onde é possível ver tudo sem ser visto, é usado por Foucault para explicar como funciona, e o que ele entende, por vigilância constante.


O termo panóptico descreve um edifício circular com uma torre de vigia ao centro, disposição que permite a um único vigilante observar todos os detidos nas celas em redor, sem que estes saibam se estão, ou não, a ser vistos.


Com esta disposição arquitectónica, os detidos tendem a adoptar um comportamento disciplinado, dócil e conformado, pois receiam estar a ser permanentemente observados.


Uma vez criada nos detidos a sensação de que estão em constante vigilância, deixa de existir a necessidade de impor a ordem e a disciplina pela força, pois os que se encontram encerrados interiorizam o receio de estarem a ser vigiados e adoptam por si mesmos os comportamentos desejados.


Abaixo uma foto do panóptico do antigo Hospital Psiquiátrico Miguel Bombarda, um local como outros, onde a ordem e disciplina não eram impostas por meio de punições visíveis, mas sim através da vigilância contínua e invisível.



O panóptico foi o modelo arquitetónico de inúmeras prisões, fábricas, hospitais e escolas. Uma das muitas "vantagens" apresentadas por este edifício tendo em vista o estabelecimento da ordem e da disciplina é, como já vimos, que as pessoas distribuídas no seu círculo interior não têm como saber se há alguém ou não na torre vigia. Em consequência disso, interiorizam por si mesmas comportamentos ordenados e disciplinados.


No entanto, o que Michel Foucault nos diz no seu livro “Vigiar e Punir” vai para além disso. Na verdade, ele amplia a situação para a sociedade em geral, sugerindo que também aí, a ordem e a disciplina se exercem por meio de dispositivos de vigilância invisíveis, que fazem com que os vigiados adoptem por si próprios um modo de ser e viver dócil e conformado.


Na perspectiva de Foucault, a escola, com as suas salas de aula dispostas para que os alunos estejam calados e sossegados, com os seus rígidos horários assinalados por estridentes toques de campainha, com os burocráticos livros de ponto, sumários e faltas, e com as constantes monitorizações através de relatórios, actas e tudo o mais, encaixa-se perfeitamente nesse modelo, uma vez que alunos e professores se sentem sempre sob observação, facto cujo objectivo implícito, é que todos se tornem dóceis e conformados, o que é uma outra maneira de dizer ordenados e disciplinados.



Mas aqui chegados, alguém poderia perguntar o que queria então Michel Foucault? Que porventura reinasse nas escolas e noutras instituições a desordem e a indisciplina?


Foucault, na verdade, não preconizava nenhum modelo educativo, o seu intuito era pura e simplesmente o de demonstrar, que tal e qual como numa prisão, num quartel ou num hospital psiquiátrico, também numa escola a ordem e a disciplina são impostas através de um modelo onde todos se sentem sob uma permanente vigilância invisível.


No fundo, os estudos de Michel Foucault poder-se-iam considerar como sendo uma espécie de arqueologia que pretende colocar a descoberto, as profundas e escondidas estruturas sociais e mentais, que sustentam as nossas instituições.


A vigilância invisível é inconscientemente aceite e reproduzida por estudantes, pais, professores e demais funcionários escolares, e baseia-se numa estrutura social e mental escondida e profunda.


Veja-se por exemplo, o caso de provas, testes e exames. Nesse contexto, citemos Foucault: “O exame combina as técnicas da hierarquia de quem vigia e as da sanção que normaliza. É um controle normalizante, uma vigilância que permite qualificar, classificar e punir. Estabelece sobre os indivíduos uma visibilidade através da qual eles são diferenciados e sancionados.”


Uma vez que Michel Foucault não defende nenhum modelo de escola, apenas faz arqueologia do modelo que existe, vamos agora deixar esse filósofo, para falarmos de uma professora de filosofia, que ao longo da sua extensa carreia docente influenciou inúmeros alunos, Maria Filomena Molder.


Não vamos falar dos seus livros, mas sim de frases lidas em entrevistas que concedeu. Numa delas, diz-nos o seguinte falando da sua infância: “Éramos todos miúdos e miúdas. Também brincava com as meninas, mas adorava brincar com os rapazes. Correr, fazer coisas perigosas. As crianças fazem imensos exercícios de limites. Eu andava à roda até cair para o chão. A partir da segunda classe, comecei a ser uma criança solitária. Odiei a escola.(…) Porque a escola, na primeira classe, era um lugar de crueldade. Para saber como viviam as crianças naquele tempo... Era uma escola oficial. Só não tinha fome porque ia almoçar a casa e a minha mãe me mandava um lanchinho. Chovia na escola. A sala de aulas era gelada. A professora não deixava as crianças ir à casa de banho quando precisavam. Crianças de seis anos. Só me lembro de uma colega, Isabel, a filha mais velha de Jorge de Sena. Foi minha colega nesta escola. Na segunda classe fui para um colégio fino de freiras irlandesas. É melhor nem falarmos delas...”



Mais à frente nessa mesma entrevista, vemos claramente o porquê do desdém de Maria Filomena Molder pela escola. No fundo, tinha que ver com aquilo que Foucault descobriu, ou seja, que o objectivo da escola não é tão-somente ensinar, pois há nela um outro objectivo escondido e implícito, o de normalizar e formatar, de modos a que todos se tornem dóceis e conformados, que é uma outra maneira de dizer ordenados e disciplinados.


Vejamos essa parte da entrevista:

Nunca se adaptou completamente à escola?

Nunca. E as minhas filhas também não.

É espantoso que mais tarde tenha sido professora e que a sua vida tenha sido na escola.

É verdade. Nunca pensei ser professora. [riso] Odiei grande parte das professoras.

Porquê esse ódio? Palavra forte que repetiu?

Não leve tanto a sério essa palavra. É uma maneira de dizer, como adorar. Em criança não podia dizer “adorar” porque só se podia adorar Deus. Eu achava que a profissão de professora embatia na rebeldia que era eu.

E na liberdade que almejava?

Sim. Reconciliei-me com esta sensação através de algumas professoras. Isabel Leonor. Sem eu ter sido aluna dela, foi quem me iniciou nos segredos da arte. Georgete, professora de português. Tenho uma dívida para com ela. Clara Nunes, professora de História, um encontro inesperado.

Rebelde e arisca: contra quê? E porquê?

Eu não queria que me domassem. Só queria aprender aquilo que eu queria. Lembro-me de estar no final de Setembro em casa da minha avó materna, na rua de Campo de Ourique onde passavam os eléctricos. Pensar que ia voltar à escola..., fiquei presa de angústia.


Na passagem acima da entrevista, há um momento em que Maria Filomena Molder refere uma sua professora de História, de seu nome Clara Nunes. Diz da dita que foi “um encontro inesperado”. Diríamos nós, que a boa escola não é a que vigia, disciplina, formata, normaliza e examina, mas sim a que proporciona “encontros inesperados”.


Encontros com colegas, professores e outras gentes, encontros com textos, com pedaços da História, com enigmáticas fórmulas matemáticas, com surpreendentes teorias científicas, com intensos poemas, com inusitadas obras de arte, com intempestivas melodias e com tantas outras coisas que nos entram abruptamente pela vida adentro.


Aprendemos verdadeiramente quando inesperadamente encontramos algo ou alguém e sentimos que essa aparição do que era desconhecido e distante, subitamente se infiltra e continua em nós, no lado de dentro da nossa alma e mente.


A boa escola é um local privilegiado para a aprendizagem, mas na realidade, encontros inesperados podem dar-se em qualquer lado. É isso que também nos conta Maria Filomena Molder que de repente, em criança, aprendeu com espanto o que era o Tejo, o que era o horizonte e o que era o tempo, esse que existe antes de nós, nos atravessa e continua para além de nós.


“Eu brincava numa rua íngreme por trás da minha casa. Um dia subi-a, desci e fiz uma coisa que nunca tinha feito, que é olhar para o horizonte. E vi que estava lá o rio Tejo. Foi uma experiência muito forte, a de sentir que aquilo estava lá antes de o ter visto. Onde eu estava a começar, estava a continuar. Nós só começamos depois de continuar.”


Uma criança a brincar sozinha numa rua íngreme da cidade, subindo-a e descendo-a, é uma coisa que hoje em dia é improvável de suceder. Imagine-se os riscos. Uma escola que proporcione encontros inesperados, parece ser qualquer coisa cada vez mais difícil de acontecer. Cada vez mais há relatórios, monitorizações, matérias a dar e programas a cumprir. Aparentemente está tudo pré-determinado e estabelecido para que não haja nenhum perigo de algo não ser cumprido.


“Descobri cedo que o excesso de regulamentação é um sintoma de medo ou angústia. Medo do risco”, conta-nos Maria Filomena Molder. 


E com isto, terminamos este conjunto de três textos dedicados a responder à questão "Que semelhanças existem, a existirem, entre um hospital psiquiátrico e uma escola?”


Em boa verdade, não temos a certeza de ter efectivamente respondido à nossa própria pergunta, mas que nos importa, a vida é um risco, como se vê na obra abaixo do grande artista norte-americano Cy Twobly (1928-2011).


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