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Um do Uganda, o seguinte de Mikóva, mais um com família russa e, por fim, um Duke.

 



E, neste entretanto, Nova Iorque, a mais elegante, sofisticada e culta cidade do mundo, elegeu para mayor um certo Zohran Mamdani, que nasceu em 1991 no Uganda.

O seu pai, Mahmood Mamdani, é de ascendência xiita guzerate e é professor de estudos pós-coloniais na prestigiada Universidade Columbia. A sua mãe é a conhecida cineasta Mira Nair, uma indo-americana de ascendência hindu panjabi.

Tendo em si tanta diversidade cultural, faz com que seja altamente provável, que Zohran Mamdani seja um homem bastante interessante.

Edel Rodriguez é um cidadão nova-iorquino de origem cubana, e é também um dos mais conceituados e interessantes ilustradores destes nossos tempos.

Foi ele quem recentemente desenhou uma capa para a revista New Yorker, na qual se vê Zohran Mamdani, o novo mayor, a andar de metropolitano conjuntamente com as muitas e diversas gentes da cidade de Nova Iorque.



Nova Iorque é aquilo a que se costuma chamar uma cidade-mundo, conceito que se refere a urbes cuja influência económica, social e cultural se estende a um nível global.

 

Significa isto, que o que acontece em Nova Iorque, não se limita a acontecer só nessa metrópole, mas que vai igualmente acontecendo pelo resto do mundo inteiro.

 

Uma cidade-mundo contém em si gentes vindas de todos os lugares do planeta, ou seja, acolhe pessoas com diferentes crenças e hábitos muito distintos. Numa cidade-mundo cabem todos, e é por isso que esses sítios são imensamente interessantes, vivos e inovadores, e estão sempre na vanguarda de tudo o que sucede.

 

É sabido que, o que hoje é uma nova moda em Nova Iorque, em breve o há-de ser também em Roma, Bruxelas ou Nova Deli, e que de igual modo o será em Lisboa, na Amadora ou na Bobadela.

 

Em resumo, o que de novo nasce em Nova Iorque, cresce, expande-se e irradia pelo mundo afora.

 


O Mayor Zohran Mamdani não é o primeiro ser humano interessante que vem de longe e vence em Nova Iorque. A lenda dessa cidade escreve-se, e sempre se escreveu, com gentes interessantes vindas de múltiplas terras, países e continentes.

Dito isto, escrevamos nós agora, sobre três interessantes personagens vindos de origens longínquas, cujas vidas marcaram a mítica história da “Big Apple”.

Muitos outros poderiam ter sido os nossos escolhidos, porém, escolhemos os que se seguem, porque se contam entre os nossos favoritos.

É uma escolha pessoal, claro está: Andy Warhol, Lou Reed e Duke Ellington.

Comecemos por Andy Warhol, filho de imigrantes vindos da distante Mikóva, uma localidade que actualmente se situa na Eslováquia, mas que noutros tempos integrava o extinto Império Austro-Húngaro.

Andy Warhol nasceu na América, mais concretamente em Pittsburgh, contudo, foi logo em jovem que se mudou para a que havia de ser a sua cidade: Nova Iorque.

Uma vez instalado na grande urbe, demorou pouco tempo para aí se tornar um personagem interessante e, quiçá, até lendário.

Entre outros feitos, digamos que, assim em termos muitos genéricos, e quase do nada, Andy Warhol inventou a Pop-Art.

Não foi uma invenção qualquer, pois antes disso havia a alta e a baixa cultura, ou seja, a cultura estava dividida entre a dita erudita e a considerada popular, todavia, a partir da Pop-Art, essa divisão hierárquica como que se eclipsou.

Moda, rock, museus, literatura, pintura, cinema, produtos de consumo imediato, revistas, jornais ou arte é tudo o mesmo, no fundo é tudo cultura.

Seja alta ou baixa, erudita ou popular, tanto faz, é esse o credo primeiro da Pop-Art.

 


“In the future, everyone will be world-famous for 15 minutes”, é uma famosa frase de Andy Warhol, proferida numa entrevista em 1967.

Como presentemente podemos constatar por toda a parte, Warhol acertou em pleno na sua previsão, na verdade, o homem foi um visionário.

É frequente haver visionários em Nova Iorque, pois do alto dos seus imensos edifícios, consegue-se ver melhor o mundo, assim como também se tem uma mais ampla e vasta vista para o futuro.

 


Uma outra lenda de Nova Iorque cujas origens são longínquas, é Lou Reed. O rapaz nasceu no Brooklyn, no seio de uma família judia, que tinha fugido da Rússia para escapar ao anti-semitismo. Tendo a dita família chegado a Nova Iorque, logo mudaram o nome de Rabinowitz para Reed.

Lou Reed conheceu muito bem Andy Warhol, uma vez que ambos estiveram associados a uma das mais interessantes e influentes bandas musicais de sempre, os Velvet Underground.

Warhol desenhou a famosa capa do álbum da banda, que apresenta uma simples banana, para além de ser o produtor do grupo. Lou Reed foi letrista, compositor e intérprete.

 


Lou Reed ficou muito conhecido por cantar a solo temas como “Walk on the Wild Side” ou “Perfect Day”, porém, o tema que dele preferimos, é um do tempo em que ainda existiam os Velvet Underground. Um tema chamado “Femme Fatale”.


Vejamos em que contexto nasceu esse tema, pois de algum modo também ele está ligado à lenda de Nova Iorque.


Em 1960, Andy Warhol adquiriu um enorme armazém no centro de Manhattan, a que foi dado o nome de The Factory.

 

O espaço serviu de estúdio ao artista, mas serviu igualmente para realizar enormes festas por onde passava toda a exótica e vasta fauna da cidade: performers, drag-queens, escritores, actores, músicos, celebridades e socialites.


Por lá paravam os músicos John Cale e Lou Reed, que juntamente com outros formariam os Velvet Underground, e quem também costumava aparecer pela Factory era a jovem Edie Sedgwick.

 


Edie Sedgwick era oriunda de uma das mais abastadas e aristocráticas famílias dos Estados Unidos da América, e queria ser uma estrela de cinema.

Não foi propriamente bem-sucedida, mas ainda assim participou em muitos dos filmes experimentais que Andy Warhol rodou com uma câmara quase artesanal.

Em síntese, Edie Sedgwick não conseguiu ser uma estrela de Hollywood, mas ficou para a história como uma Warhol Superstar.

John Cale, o músico dos Velvet Underground, apaixonou-se pela bela Edie Sedgwick, que era uma rapariga frágil e instável, mas também temperamental e muito dada a caprichos.

Como já se adivinha, o caso amoroso foi breve. Após um leve entusiasmo inicial, a moça acabou por despachar o músico John Cale a alta velocidade.

“Femme Fatale”, o tema musical, é tão belo e frágil quanto o era a rapariga que o inspirou. Trata-se de um relato de um ex-namorado ressentido pelo seu caso ter sido tão fugaz, que destroçado e abandonado, alerta a restante rapaziada sobre a crueldade da rapariga, que tanto o fez sofrer.

As palavras ditas não enganam, frases como “Here she comes, you better watch your step, she's going to break your heart in two” ou “Little boy, she's from the street, before you start, you're already beat”, dão-nos bem a medida de como o Cale ficou chateado.

Seja como for, não foi tudo em vão, uma vez que desses destroços restou uma linda canção:



Um outro personagem que veio para Nova Iorque e se tornou parte da lenda dessa cidade foi Duke Ellington, que nasceu em Washington e cresceu durante um dos mais difíceis períodos para os afro-americanos.

As condições sociais e políticas para os negros eram terríveis em grande parte do território norte-americano, e sobretudo a sul, por isso, muitos migravam para norte em busca de uma vida melhor e mais digna.

A norte havia Nova Iorque, onde ser negro ou branco, não era coisa assim tão importante, o mais relevante era mesmo ser-se interessante, e Duke Ellington era-o.

Abaixo The Duke, já com uma certa idade, passeia-se pelo Harlem, bem perto do famosíssimo Teatro Apollo.



A melhor forma de terminarmos este texto dedicado às interessantes gentes de Nova Iorque, é mesmo com Duke Ellington e com o seu tema “Sophisticated Lady”.

Talvez a inspiração do Duke tivesse vindo de uma senhora, porém, podemos também imaginar que a sua musa inspiradora, a sua Sophisticaded Lady, foi afinal não outra, que a cidade de Nova Iorque.


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