Natais há muitos. Natal é também insuficiência renal, claustrofobia, Roma Imperial, meretrizes, Pavlov e muito mais
Há uma vertente muito pouco explorada do Natal. Com efeito, nesta época do ano, fala-se muito de família, de bacalhau e de paz e amor, mas poucos são os que falam de riso e de diversão.
Ontem, véspera de Natal, vimos uma reportagem televisiva num dos noticiários, relativa a uma acção de solidariedade destinada a crianças economicamente desfavorecidas. Nisto, o repórter perguntou a uma criança de oito ou nove anos, mas a uma das não-desfavorecidas, se estava a gostar de participar em tal iniciativa. A dita criança, respondeu toda risonha, que estava a adorar, que era muito divertido vir brincar com as crianças pobres.
Só por este exemplo, perceber-se imediatamente, que os preceitos natalícios, também podem ser propícios à diversão e ao riso. Por assim ser, vamos aqui deixar-vos algumas graças, que eventualmente poderão ser usadas por qualquer um de vós nesta época de festas.
Não são graças fáceis as que temos, pois sabemos que os nossos exigentes leitores preferem piadas difíceis, daquelas que dão muito que pensar, e cujos assuntos são de cariz científico, histórico ou filosófico.
Comecemos então por uma graça, cujo tema é sempre cativante, a insuficiência renal. Para quem não sabe, a insuficiência renal é a perda parcial ou total, da capacidade dos rins em filtrar resíduos e líquidos do sangue, o que inevitavelmente leva à acumulação de toxinas no corpo. A insuficiência renal pode ser aguda (repentina e potencialmente reversível) ou crónica (lenta, progressiva e irreversível), provoca sintomas como cansaço, inchaços, alterações urinárias e náuseas.
Dito isto, o que se passa com o Pai Natal, quando porventura não dispõe de renas suficientes para distribuir as prendas? Pois claro está, sofre de insuficiência renal.
Como todos saberão, o Pai Natal é uma figura inspirada em São Nicolau, um bondoso bispo do século IV, conhecido por dar presentes, e que por esse motivo se tornou um símbolo mundial do Natal.
No século XVII, os holandeses, que chamavam a São Nicolau o Sinter Klaas, levaram essa tradição para uma sua colónia norte-americana, cujo nome de então era Nova Amsterdão, e que hoje é Nova Iorque. Santa Claus é a versão inglesa do holandês Sinter Klaas, que foi gradualmente adoptada pelos norte-americanos e depois pelo resto do mundo.
Dada esta contextualização, surge uma questão, como se designam aqueles miúdos que têm fobia ao Pai Natal, o mesmo é dizer, ao Santa Claus? A resposta é simples: claustrofóbicos!
Todos apanharam esta, certo? Santa Claus…claustrofóbico…
Como já se pôde verificar, temos graças de Natal, não daquelas simples e inócuas, mas sim daquelas que lidam com assuntos difíceis, como por exemplo, a insuficiência renal ou a claustrofobia.
Continuemos com um outro assunto difícil e problemático, a prostituição. Estavam duas prostitutas numa esquina, em plena época natalícia. Pergunta uma à segunda, “O que vais pedir ao Pai Natal?”. Ao que dita responde: “O mesmo de sempre, o que peço a todos os clientes, 50 Euros”.
Posto isto, cremos que já chega de piadas com o Pai Natal, ou Santa Claus, como também é chamado nos países de língua anglo-saxónica e não só. Assim sendo, mudemos de tema.
O Menino Jesus, o nosso senhor, nasceu na província da Judeia, que estava então sob o domínio do Império Romano, razão pela qual, também não virão a despropósito umas graças dedicadas à antiga Roma.
Antes de irmos à graça propriamente dita, façamos um preâmbulo. Qualquer cidadão português que frequente cafés, já com certeza se dirigiu a um empregado de um desses estabelecimentos dizendo “Queria um chá e umas torradas”. Não raras vezes, a esse pedido, o empregado responde “Queria? Já não quer?”, e de seguida larga-se a rir.
Tal é precisamente aquilo a que chamamos uma graça fácil, e, como já antes dissemos, nós não estamos aqui para graças fáceis, mas sim para as difíceis. Por isso mesmo, é que vamos agora contar-vos uma em que o contexto temporal, é o do Império Romano ao tempo em que o Menino Jesus, o nosso senhor, nasceu.
Um cidadão da Roma imperial entra num bar e pede um Martinus, no entanto, o empregado corrige-o: “Quererá dizer um Martini?”. Todavia, o cidadão responde-lhe: “Não, não, só quero um”.
Quer nos cá parecer, que esta não estão a apanhar, pois não? Claro que a graça não tem nada a ver, com o cidadão ser da Roma imperial, e não ter pedido uma imperial fresquinha. A graça centra-se no facto de em latim, língua que se falava na Roma de então, a da época do menino Jesus, o nosso senhor, o plural se declinar com a terminação “i”, como por exemplo, nas palavras puer (menino) / pueri (meninos) ou dominus (senhor) / domini (senhores).
E agora, já perceberam a graça do Martini? Sim? Porreiro. Digam lá se é ou não é, uma muito melhor graça do que o “Queria? Já não quer?”.
Já agora e para continuarmos pelo Império Romano, contamos também aquela em que no dia seguinte, o mesmo cidadão entra no bar, estica dois dedos e diz ao empregado: "Cinco imperiais, se faz favor".
Esta não sendo fácil, também não é muito difícil, é só preciso estar-se a par da numeração romana. Venham mais cinco, é o que parece César estar a dizer, na imagem abaixo.
Como já apresentámos graças de cariz histórico, talvez viesse agora a propósito, uma com Ivan Pavlov (1849-1936), fisiologista russo e Nobel, famoso pela Teoria do Condicionamento, que descreve como um estímulo neutro (como por exemplo um sino), pode ser associado a um estímulo natural (comer) para provocar uma resposta (salivação) em cães.
De cada vez que alimentava os cães, Pavlov tocava um sino. Com o tempo, os bichos começaram a associar o sino à comida, e chegavam a babar-se famintos, só de ouvir o dito, mesmo que o prato estivesse vazio.
A ideia do fisiologista russo era provar uma nova teoria científica: os reflexos condicionados. Os seres vivos já nascem com certos reflexos, ou seja, estão geneticamente programados para terem determinadas reações diante de situações específicas, o que Pavlov descobriu é que esses reflexos também podem ser criados a partir do nada.
A publicidade usa as descobertas de Pavlov em seu proveito, como por exemplo quando algum anúncio tenta associar a ideia de liberdade com a imagem de uma marca de cerveja, a de felicidade com uma cadeia de fast-food, ou a de um santo Natal com um supermercado.
Feito este intróito, vamos agora à graça. Pavlov foi passar o Natal a casa de uns familiares que moram longe e eis que toca o telefone, é para ele. Atende, regressa à mesa irritado e diz: “Porra, esqueci-me de deixar comida para os cães”.
Para terminarmos, e uma vez que o Natal é não só uma época de paz mas também de amor, uma graça romântica. Um casal passa o seu primeiro Natal juntos, trocam prendas e ela diz: “Amo-te”. Ao que ele responde “E como sabes que é amor?”. A isto ela replica: “Porque quando penso em ti quase que não respiro". "Isso é asma", diz ele. Ao que ela remata com “Pois então, asmo-te”.






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