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Os pobrezinhos bonzinhos, os maus, as crianças e também uma poeta



O Natal aproxima-se, as ruas estão enfeitadas e todos andam às compras. Neste entretanto, o Banco Alimentar na sua campanha natalícia deste ano, angariou 2.150 toneladas de alimentos. A campanha decorreu em mais de duas mil superfícies comerciais do país.

Na verdade dá muito jeito que as campanhas solidárias decorram em superfícies comerciais, visto que assim sendo, uma pessoa vai às compras e de caminho aproveita logo para ser solidária. Mata-se dois coelhos de uma cajadada, como é uso dizer o bom povo português.

É bem pensado por quem organiza estas ações de solidariedade, com efeito, não seria nada prático se uma pessoa tivesse que ir ser solidária noutros sítios. Imagine-se que se tinha de ir levar alimentos a certos bairros problemáticos, onde as gentes que lá habitam deles necessitam… era um castigo!

Primeiro porque tais bairros ficam sempre fora de mão, e segundo porque diz-se por aí, que alguns desses sítios até são perigosos e isso tudo. É muito melhor tal e qual como está, é-se solidário enquanto se vai às compras ao supermercado e pronto.

Abaixo uma obra de 1987 da artista norte-americana Barbara Kruger.




Procurando, descobre-se que o Bairro do Zambujal, situado nos arredores da capital, é um daqueles nos quais há mais pontos de distribuição de alimentos, a quem deles precisa.

O Bairro do Zambujal é um dos maiores bairros sociais de Lisboa. Tem uma população diversificada, incluindo portugueses, comunidades ciganas e várias populações africanas e afro-descendentes.

Fez há um pouco um ano, que o Bairro do Zambujal se revoltou, isso no seguimento de um homem de 43 anos ter sido indevidamente morto, depois de atingido na cabeça, tórax e abdómen por três balas disparadas por um agente da PSP.

Durante uns quantos dias, caixotes do lixo foram incendiados, houve várias explosões e um autocarro da Carris ardeu, para além de outros tumultos.

Pelo que então sucedeu, percebe-se claramente que o Bairro do Zambujal e outros que tal, não são sítios onde uma pessoa de bem possa ir, e andar por lá sossegada.

Em síntese, quando somos solidários de supermercado, os pobrezinhos são bonzinhos e aceitam o que se lhes dá, agora quando se revoltam e dão problemas e até aparecem no telejornal, aí são mal-agradecidos e maus. Abaixo três murais do Bairro do Zambujal.



Maria Lis é uma poeta, tem 33 anos de idade, vive em Lisboa onde escreve, recorta, cola e desenha a sua poesia. É licenciada em Educação Social com Mestrado em Filosofia Política, e trabalhadora social no Bairro do Zambujal.

O Ípsilon, o suplemento cultural do jornal Público, considerou-a na semana passada, como uma das 25 apostas seguras para o futuro das artes e letras portuguesas. Vejamos o que ela diz sobre o Bairro do Zambujal e sobre quem lá vive:

“Muitas daquelas famílias têm histórias que nos paralisariam, de um cerco permanente e disfarçado de ajuda, que as encurrala na impossibilidade, que lhes impinge uma forma de socialização que nos falhou a todos e na qual teimamos em insistir. Atiramos-lhes com objectivos, tabelas e acordos, com processos judiciais e pilhas de papéis, timbres, assinaturas, requerimentos, audiências, equipas técnicas que se sobrepõem e se contradizem. Ao contrário de um mapa, damos-lhes um desmapa, um desnorte, um descaso e raramente um descanso.”

Na passagem acima, a nós, chama-nos a atenção expressões como “um cerco permanente e disfarçado de ajuda” e impingir-lhes “uma forma de socialização que nos falhou a todos e na qual teimamos em insistir.”

Tais expressões chamam-nos a atenção, por apontarem para esse modo de resolver os problemas sociais existentes, não os resolvendo, ou seja, praticando uma solidariedade de supermercado, que ajuda quem precisa no breve prazo, mas que no médio e longo prazo é completamente inútil.

Como é evidente, os alimentos doados são necessários, todavia, seria ainda mais necessário transformar e melhorar consideravelmente as condições em que se vive em certos bairros sociais, de modo a que alimentos doados não fossem de todo em todo necessários. Abaixo uma foto de Andreas Gursky, um conceituado artista alemão.



Voltemos a Maria Lis. A poeta falou-nos de desacatos que se seguiram à ação policial na qual uma pessoa foi inutilmente morta: “Para mim, nada foi novidade no dia em que, zangadas com a impunidade e a leviandade com que se tira a vida a um homem por motivos estruturalmente conhecidos e, contudo, não suficientemente debatidos, algumas pessoas decidiram queimar um autocarro e alguns caixotes do lixo. (…) Alguns jovens do bairro não puderam engolir, pela enésima vez, aquela raiva, tão natural. Arrancaram alguns sinais de trânsito, recolheram umas madeiras podres, umas garrafas vazias e lixo que nunca é totalmente levado daquelas ruas, trouxeram uns caixotes da reciclagem e fizeram uma barricada, como puderam.”

Nas TV’s e jornais, os comentadores e articulistas habituais, reagiram com horror à revolta do Bairro do Zambujal. Então ao invés de serem pobrezinhos bonzinhos, que recebem humildemente as dádivas do Banco Alimentar, estavam agora a ser maus?

Visão distinta das dos comentadores e articulistas habituais, foi a que teve a poeta Maria Lis. Nas TV’s e jornais só se veem catástrofes, na poesia por vezes vê-se esperança: “A maravilha deu-se, para mim, quando vi que um grupo de crianças pequenas se aproximou do local, com um caixote enorme cheio de folhetos de publicidade. Espalharam os papéis e desenharam neles, fizeram aviões e flores, atiraram-nos ao ar e voltaram a apanhá-los. Depois levaram os desenhos, os aviões e flores, aos magotes, para as barricadas, preenchendo os espaços vazios. Não paravam de aparecer papéis e crianças que mais do que lágrimas, traziam gargalhadas. Meninos e meninas da Terra do Nunca, preparados para o que desse e viesse.”

Em 1933, Jean Vigo realizou “Zero em Comportamento”, um filme sobre um grupo de crianças de um colégio interno, cheio de regras e com escassas liberdades. Fartos, os pequenos alunos iniciam uma revolução contra os castradores órgãos do poder escolar. No dormitório da instituição encetam uma luta de almofadas, uma autêntica explosão orgiástica, que anuncia um futuro que se rebela contra um presente absurdo e injusto. É um dos mais sublimes e poéticos momentos da história do cinema.



As crianças retratadas por Jean Vigo em 1930 num colégio interno francês, não são assim muito diferentes das crianças do Bairro do Zambujal em 2024. Em ambos os casos, o que nelas há é uma crença imensa de que o futuro será diferente, melhor e mais poético do que o pobre presente.

Vejamos o que Maria Lis diz, acerca das crianças do Bairro do Zambujal, que em 2024 se juntaram às barricadas: “Aportam, não raras vezes, a audácia de virar a realidade do avesso e imaginar outro modo, outra forma, outro mundo, outra maneira de o fazer. Do fogo que se ateou naquela tarde, dos vidros do autocarro fragmentados pelas explosões, da grande nuvem de fumo, também se ergueram as cinzas dos desenhos a lápis de cor, as proas dos barcos de papel, as asas daqueles aviões, feitos por cima dos folhetos que anunciavam os grandes descontos de fim-de-semana na maior das superfícies comerciais de retalho, que ali, naquele bairro, nem existe.”

Abaixo uma imagem do célebre quadro de Eugène Delacroix, “A Liberdade guiando o Povo”. É uma obra de 1830 e nela, para além de vermos a liberdade representada como figura alegórica de uma deusa e simultaneamente como uma robusta mulher do povo, vemos também duas crianças de rua. Uma usa boina e segura duas pistolas, a outra, em baixo, quase rente ao solo, usa um boné de polícia e agarra uma espada.

São crianças poéticas, como aquelas de que fala Maria Lis, com a “audácia de virar a realidade do avesso e imaginar outro modo, outra forma, outro mundo…”



Apesar do que à primeira vista possa parecer, Maria Lis não é uma revolucionária, pois não acredita que as massas alguma vez se vão levantar e transformar o mundo: “Já fiz parte de mil colectivos, já fiz parte de um partido, de uma série de coisas, e continuo a sentir-me tão sozinha. Só não me sinto sozinha quando estou com os putos.”

Maria Lis define-se com uma "comunista sem partido", uma poeta e educadora, em busca de um mapa de saída para o actual estado das coisas. Numa entrevista diz-nos que “nós não vamos transformar o mundo velho se não for através deste pensamento mágico que os putos nos ensinam." O que existe "é este mundo, com estas características, com estas pessoas", um "mundo novo não virá, o comunismo não virá, o homem novo não virá". Temos é de pegar nas coisas que já temos, no mundo como o temos, e levá-lo para o campo do impossível. E só os putos sabem fazer isto."

A poesia se Maria Lis fala-nos de esperança, de uma esperança tão sólida e certa como impossível, uma esperança ainda por inventar: “Dir-te-ei, logo que possa, como havemos de viver, onde, quando”.

Mas mesmo assim sendo, “o espaço da espera não é um terreno vazio e aplanado, neutro”. Sem que exista ainda uma forma de chegar a um outro lado, a poeta diz-nos que nos resta viver neste intervalo, uma forma de recreio em que vamos improvisando a vida e aceitando a realidade das coisas existentes: “regadores, cabides, pássaros, agulhas, linhas, espelhos, livros, muros, vestidos, cabelos, nós, pentes”…

Recreios, brincadeiras, recortes, desenhos, e colagens em cadernos quadriculados, são modos como as crianças dizem as coisas, são também modos como Maria Liz diz a sua poesia, aqui fica um exemplo disso mesmo:



Sim, há a espera, mas assim como uma criança espera crescer, sem que por isso deixe de viver plenamente o seu tempo de criança. É uma espera esperançosa, sólida e certa, impossível, mas não apressada e desesperada.

Reitere-se, pois, o que está por vir
que como tu e contigo também eu
me ajeito agora sem graça
às formas que temos à mão.

A poesia de Maria Liz não é a de uma revolucionária desiludida com a vida, é sim a de alguém que espera mais e melhor, mas que agradece o que tem. E com um poema que isso exemplifica, terminamos este nosso texto de hoje:

Antes de mais, obrigada
pelos feijões, pelos doces, pelo termómetro
pela tua carta, outra vez
pela blusa, a que darei uso
quando for tempo
pelo Hölderlin também
e pela existência ocasional das tuas mãos.

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