Basta fazer uma breve pesquisa na internet, para imediatamente nos aparecerem montanhas de artigos que se dedicam à magna questão de saber se a escola deve ou não educar crianças e jovens. Há quem diga que sim, há quem diga que não.
Falemos dos que dizem que não, mas não para discutir a sua opinião, pois ela não tem sentido algum. Parece até mentira, que haja alguém a dizer que a escola não serve para educar. É tão inusitado como afirmar que os hospitais não servem para tratar e curar, que os tribunais não servem julgar e que os talhos não servem para vender carne.
Há quem diga assertivamente que quem educa é a família, mas e então? É evidente que mal ou bem a família educa, mas isso não significa que tenha a exclusividade dessa função. Chega a ser penoso, ter que se dizer, o que deveria ser absolutamente óbvio, sim a escola educa, como é evidente, é precisamente para isso que existe.
Não vamos perder mais tempo com esta discussão, pois sabemos muito bem, que quem diz que a escola não serve para educar, não é minimamente permeável a factos, razões, raciocínios ou argumentos. É um tipo de gente que faz finca pé e nada os demove, são de ideias fixas. No fundo, esses são aqueles a que normalmente se apelida de burros.
É certo que o pobre animal não tem culpa nenhuma, é bem simpático e ao que se sabe até é inteligente, mas pronto, ainda assim, nós vamos manter a tradição e designar as gentes teimosas e obtusas como sendo burras.
Dantes um burro (não esquecer que estamos a falar de seres humanos) não provocava grande dano, fosse em família, no serviço ou quando ia à taberna, lá dizia as suas alarvidades e a coisa ficava por aí. Ninguém lhe dava muita importância, todos sabiam que não valia a pena.
Se porventura o burro tivesse filhos e estes fossem à escola educar-se, os miúdos rapidamente percebiam que tiveram azar, que podiam ter tido uma melhor ascendência e optavam então por não lhe ligar para não se maçarem. Em síntese, em tempos passados, os burros, a maior parte das vezes acabavam o dia a falar sozinhos.
Que saudosos tempos esses de antigamente, pois atualmente um burro tem abundante companhia e muito quem queira ouvi-lo. É só ir à internet e vê-se logo que nos dias de hoje, onde está um burro está igualmente um jumento, um bronco, um asno, um ignorante, um imbecil, um néscio, um jerico, um tapado, um inepto e mais uns quantos tolos e outros tantos palermas.
As redes sociais funcionam como um amplificador de toda e qualquer imbecilidade, e o que é certo é que nunca como agora a burrice esteve tão bem organizada. Noutros tempos existia um risco mínimo de contágio e pouca probabilidade que se desse uma epidemia de burrice, mas agora passa-se o contrário, um parvo publica uma qualquer insanidade e imediatamente há muitos a dizer que sim e a aplaudir a tolice.
Abaixo uma gravura de há séculos, que se intitula “A Nave dos Loucos” mas que também é conhecida como “A Nau dos Insensatos”.
Um dos grandes problemas da burrice estar organizada e ter tanta gente que a ela adira, é que consegue assim exercer pressão junto da opinião pública e dos poderes instituídos, sendo com alguma frequência que tais gentes impõem as suas opiniões, que não raras vezes resultam em censuras ou proibições.
Um dos sinais mais claros de que estamos perante a burrice organizada, é esse constante desejo que os burros têm de censurar e proibir coisas. Tudo o que não lhes agrade ou lhes cause qualquer angústia existencial ou perplexidade mental, deve ser pura e simplesmente eliminado ou proibido.
Uma quantidade de burros entusiasmados é um perigo para a humanidade, pois tudo vão querer regular, censurar e proibir, até que não reste um resquício de liberdade. Imbuídos que estão de fanatismos vários, anseiam por instalar uma ditadura na qual eles sejam os ditadores.
Temos a sensação que existem burros por todo o mundo, que se dedicam a inventar a cada novo dia uma diferente cretinice. O método é simples, a primeira etapa consiste em arranjar algo de que se queixar, qualquer coisa serve desde que seja uma imbecilidade.
Por exemplo, há um burro que se queixa, que na escola lhe educam os filhos. Passado pouco tempo, um jumento diz o mesmo. Logo de seguida, um bronco confirma que os dois primeiros não são caso único. Posteriormente juntam-se à causa um asno, um ignorante, um imbecil, um néscio, um jerico, um tapado, um inepto e mais uns quantos tolos e outros tantos palermas e pronto, temos um movimento.
Uma vez arranjada uma queixa, a segunda etapa do procedimento é decidir contra quem se vai estar e a quem culpar. Ora bem se na escola nos estão a educar os filhos, alguém há de ter culpa. Serão os professores? Talvez, mas esses não são caça grossa, a grande culpa é do Ministério da Educação. Então não se vê logo, o próprio nome o diz, “da Educação”. O culpado dos nossos filhos andarem na escola a ser educados é portanto do ministério.
Tendo uma queixa e um culpado, passa-se à terceira fase, censurar e proibir. Vamos lá então passar a pente fino os currículos escolares para verificar se há lá algo que possa educar crianças e jovens. A tabuada educa? Não, essa deixa ficar. E a gramática educa? Não, essa também fica. E a geografia educa ou não educa? A geografia parece que educa um poucochinho. Ai sim, então queremos a geografia fora da escola.
No decorrer desta brilhante discussão, há um qualquer iluminado que diz que a geografia não educa, o que educa é a cidadania. Todos abanam com a cabeça e dizem que sim e há um infeliz que acrescenta, vejam lá que a cidadania até é transdisciplinar. Aí vem tudo abaixo. Transdisciplinar?! Era o que mais faltava não queremos coisas trans nas escolas, isso é ideologia de género.
Graças a Deus, dizemos nós, que ainda nenhum destes movimentos de burros reparou que os vidros são transparentes, pois caso contrário, era certo e sabido que iriam arengar contra o trans dos vidros e fazer pressão para estes passassem a ser só parentes.
Era giro haver um movimento, se é que já não há, para proibir o trans dos vidros, nessa situação os vidros seriam somente parentes, em resumo, família. Nós até adiantamos como poderia iniciar-se o manifesto desse potencial movimento: “Nas nossas janelas não queremos ideologia de género, recusamos os vidros trans, pois compete à família escolher vidros que sejam só e unicamente parentes”.
O certo é que partir do ponto em que os burros se põem todos de acordo, criam um movimento que não hesita em lutar para censurar e proibir a cidadania ou seja lá o que for. Escrevem uma série de baboseiras, fazem manifestos e vão em frente a toda a velocidade até conseguirem impor aos outros as suas patetices.
E com isto terminamos, pois cremos que explicámos como se forma uma comunidade de asnos. Para findar, uma citação do filósofo espanhol Ortega y Gasset (1883-1955): “El malvado descansa algunas veces; el necio jamás”.
Excelente!
ResponderEliminarA Escola é o lugar onde professores educados, educam os seus alunos!
Pela sua firmeza, amorosidade , competência, espírito de fineza!
Onde a DIREÇÃO prima pelo incentivo à CULTURA, onde uma Biblioteca existe para que seus alunos tenham em suas mãos autores que , através de suas obras, transformam e dão sentido ao existir!!