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Um tubarão, coisas “silly”, Almada Negreiros, livros de verão e uma nova disciplina: “Literacias e Dados”


Que grande sacanice nos fizeram ao tirarem-nos a “silly season”. Ainda bem recentemente, durante os verões não acontecia praticamente nada no mundo, quando muito, havia uns dias mais quentes do que o habitual, assunto que permitia umas despreocupadas trocas de palavras relativamente ao calor que fazia e pronto, relativamente a temas sérios no estio, estava feito, era isso o mais que se arranjava.

Bons tempos esses em que havia “silly season”, pois de há uns anos para cá, o que não nos falta são palavras e imagens nas notícias de guerras, de pandemias, de atentados, de eleições decisivas, de incêndios, de acidentes e de outras coisas sérias durante a estação quente inteira.

Não vale sequer a pena enterrarmos a cabeça na areia e dizermos para nós mesmos que não ligamos as notícias e não queremos saber o que se passa no mundo, pois que estamos de férias, queremos paz e descanso, e já não conseguimos arranjar na nossa mente espaço para acomodar mais umas quantas palavras e imagens referentes a desgraças.
Com efeito, mesmo que enterremos a cabeça na areia e decidamos não ver noticiários, certamente que vai haver sempre um amigo, um vizinho ou um conhecido para nos dar umas palavrinhas acerca das últimas catástrofes nacionais e internacionais, e a pôr-nos detalhadamente a par das fatalidades e infortúnios que vão sucedendo pelas várias partes do globo terrestre.

A bem da verdade, nós que aqui vos escrevemos, também não tínhamos lá grande paciência para a antiga “silly season”, pois parecia-nos uma coisa demasiado aparvalhada, apesar disso, a termos de escolher entre uma parvoíce e uma calamidade, a nossa opção é simples, escolhemos sem a mais leve hesitação a parvoíce.

Já não existindo a “silly season” e sendo agora o verão muito mais sério do que o era há uns anos, ainda assim, há quem tente manter o espírito doutros tempos e noticie e nos fale de autênticas parvoíces. Até nós, pois ontem mesmo, dedicámos inúmeras palavras ao ananás virado ao contrário nos supermercados, um tema completamente “silly”.

Não fazem ideia aquilo a que se referem estas nossas últimas palavras? Não sabem de qual ananás falamos? A solução é ler. Fixem-se nisto, na frase que repetimos, “A solução é ler”:


Um outro tema um tanto ou quanto parvo deste verão, foi a notícia de que, na Praia do Tamariz no Estoril, entrou toda a gente em pânico ao avistarem um tubarão, que vai na volta era um inofensivo espadarte.

O Correio da Manhã esteve em cima desse acontecimento:

Mas não foi só o Correio da Manhã que noticiou a inusitada situação, o tubarão que afinal era um espadarte apareceu também nos vários canais de televisão e mostrou-se ainda com uma muito maior abundância, em frases, vídeos e fotografias nas diversas redes sociais.

Um tubarão que não o é, mas é sim um espadarte, é uma daquelas parvoíces equivalente a tantas outras semelhantes, que diariamente são publicadas aos milhões em todas as redes sociais.
Quando dizemos diariamente, significa que tais parvoíces tanto aparecem no verão como no inverno, assim como na primavera e no outono. A conclusão a retirar é a de que nas referidas redes, a “silly season” prolonga-se pelo ano inteiro, não se restringindo como dantes, apenas ao verão.

Dito isto, é uma questão de juntarmos dois mais dois, para percebermos qual a razão do fim da antiga “silly season”. O que aconteceu foi afinal uma metamorfose, ou seja, a “silly season” transformou-se numa “Four seasons silly”.

Façamos uma síntese, dantes, a “silly season” limitava-se ao verão, agora, estende-se pelo ano inteiro, passando portanto a ser uma “Four seasons silly”. Por consequência, deixou de ser uma coisa engraçada, própria exclusivamente do tempo quente, para passar a ser uma parvoíce pegada e contínua, que vai desde o dia 1 de janeiro ao dia 31 de dezembro.

Para além disso, se até há uns anos, durante as férias descansávamos de notícias, de imagens e de palavras sérias, atualmente os flagelos, tragédias e desastres são constantes durante toda a época balnear, inundando-nos de informações, fotos e vocábulos dramáticos, graves e sisudos.

Por tudo isto, não há dúvida que nos fizeram uma grande sacanice ao tirarem-nos a antiga “silly season”. Perdemos em duas frentes. Por um lado, somos bombardeados com parvoíces nas redes sociais (e não só) durante o ano inteiro, e assim, quando chega o verão, estamos mais do que fartos de coisas “silly”. Por outro lado, como o verão já não é a única estação “silly”, uma vez que neste momento todas as quatro o são, aparecem-nos agora a todo o instante notícias, imagens e palavras sérias durante as férias.

Em resumo, o verão, que era antes tão “silly”, leve e fresco, está de pernas para o ar, totalmente voltado ao contrário.



Estamos em crer, que mesmo tendo as nossas palavras deste texto um certo grau de complexidade, não é complicado perceber-se o que pretendemos dizer. No entanto, caso o seja, pode-se sempre aplicar a este nosso texto, umas célebres palavras de Almada Negreiros acerca dos seus escritos: “Todos os meus livros devem ser lidos pelo menos duas vezes para os muito inteligentes e daqui para baixo é sempre a dobrar.”

Mas avancemos e imaginemos um personagem que, por um lado, não quer no verão enterrar a cabeça na areia e perder a noção do que se passa no universo, mas por um outro lado, está cansado de tantos males e agruras que sucedem no mundo e quer descansar nas férias. Imaginemos ainda, que esse personagem também já está mais que farto das coisas “silly” que vê nas redes sociais (e não só) durante o ano inteiro.

Temos portanto que imaginar um personagem com uma tripla exigência, ou seja, primeiro, recusa não saber o que vai pelo universo durante o verão, segundo, pretende ter uma pausa estival do contínuo desfile de notícias aflitivas, angustiantes imagens e apreensivas palavras que o cercam o ano inteiro, e terceiro, quer também algo de mais consistente e profundo para saber o que se passa no mundo, do que as “silly-parvoíces” que tem sempre à disposição no seu “Smartphone”.

Dito isto, a solução é ler. Uma boa obra de literatura permite-nos saber o que vai pelo mundo de um modo profundo, possibilitando simultaneamente um tempo de lazer e descanso. Em resumo, ler um bom livro é a solução para a tripla exigência do personagem que imaginámos.



Se repararem no mapa estatístico acima, verificarão que Portugal é um dos países da Europa em que menos gente leu pelo menos um livro durante o ano inteiro, ou seja, cerca do 60% dos portugueses não leram absolutamente nada (ou só os Smartphones) durante todos os 365 dias do ano, incluindo os de férias.

É isso mesmo que nos confirma um novo mapa estatístico, no qual constatamos que 60% não leram num ano livro algum. Neste segundo mapa, ficamos ainda mais mal-vistos do que no anterior, em comparação com os restantes países. Na Europa, praticamente só a Turquia é que está pior do que a lusitana nação. Já agora, “en passant”, recordemos que só 3% do território turco é na Europa, os outros 97% situam-se no continente asiático, de tal forma que a Turquia tem fronteira com países tão longínquos como por exemplo o Irão, o Iraque e a Síria.



Mais um mapa estatístico, só para verificarmos se mesmo havendo uma imensa parte da população portuguesa que não lê nada, se ainda assim, haverá uma percentagem razoável de gente que lê bastante, ou seja, mais de dez livros por ano. É olharem para baixo e verificarem que também isso não.



Sendo estes os dados, o que farão os portugueses com o seu tempo livre, incluindo o das férias? Passam-no nas redes sociais, pois claro. 
Na Europa inteira, tirando o 3% do território turco que fazem parte desse continente, não há quem em média passe tanto tempo a ver coisas “silly”.



O mapa abaixo confirma o mapa acima. Com excepção da Suécia, não há nenhuma outra nação europeia que tenha uma tão alta percentagem de utilizadores de Facebook. Diga-se “en passant”, que na Suécia há uma maior percentagem de utilizadores, mas segundo os dados do mapa acima, os suecos não passam tanto tempo nas redes sociais como os portugueses.



Mas para além de passarem grande parte do seu tempo livre, incluindo as férias, nas redes sociais, que mais fazem os portugueses? Veem televisão, pois claro. Ler é que não.



Aqui chegados e analisados os mapas, o que temos a dizer, é que a nova disciplina do Ensino Secundário cuja designação é “Literacias e Dados”, poderia consistir unicamente no seguinte, apresentava os dados dos mapas acima aos alunos e de seguida mandava-os para uma biblioteca ou para onde entendessem lerem um livro.

Uma hora de leitura por dia não seria muito, antes pelo contrário. Se assim acontecesse, apostamos que daqui a uns tempos já não haveria notícias tão “silly” como as que relatam confusões entre espadartes e tubarões, e de certeza absoluta que nas TV’s e nos jornais não se limitariam a fazer desfilar um imenso rol de desgraças, pois que aprofundando e alargando as gentes o seu conhecimento do mundo através dos livros, iriam também querer saber do que sucede nas áreas das artes e letras, nas das ciências e em muitas outras mais. Em conclusão, ler é a solução, seja para as férias de verão, seja para a lusitana nação.

Contraditoriamente, terminamos com palavras de um poema um tanto ou quanto “silly” de Fernando Pessoa, no qual o poeta faz pouco de quem lê. Qual é o problemas de nos contradizermos? Na verdade nenhum.

Oscar Wilde afirmou um dia que “A coerência é a virtude dos imbecis”, se porventura alguém quiser confirmar o seu dito, é só ir às redes sociais e verificar a enorme quantidade de gente que eleva a coerência a um valor absoluto, e insulta outros apelidando-os de incoerentes.

Queremos nós cá saber que alguém nos ache incoerentes, antes isso que “silly’s” ou imbecis. Assim sendo, aqui incoerentemente terminamos este nosso texto com o poema de Pessoa:

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

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